terça-feira, 12 de outubro de 2010


Liberdade que prende, prisão que liberta.

Um filósofo norte-americano (esqueci agora o nome dele ), afirma em livro que essa civilização, a pós-moderna, é a civilização mais estúpida que já existiu.

Isso com certeza tem um fundo de verdade, pois se olharmos ao redor, podemos perceber um tanto de coisas que fazemos e queremos porque as grandes “ massas” fazem e querem.

Não questionamos, não refletimos ou filtramos, nós simplesmente, como se fossemos uma esponja de braços e pernas, absorvemos tudo que nos é proposto .

Percebo isso em minha geração, geração de jovens que vive sem sentido.

Vai ao shopping, à escola, show´s , igrejas e ainda se acha superior somente pelo fato de que consegue dominar um notebook ou um Ipod.

Uma geração que se relaciona friamente .

Queremos o tênis, a calça, o celular, a bolsa do momento , e isso que as coisas não são tão legais assim , mas sabe como é , está na moda.

A televisão mostra e nós aderimos. Não podemos ser felizes sem....

Na época de maior repressão de censura, por parte do golpe militar que teve início em 64, a juventude era bem diferente, tinha outros padrões de consciência .

A década de 70 era um convite à revolução, uma explosão de informações e pensamentos chamava os jovens ao extremo, ao radicalismo, ao debate ....às armas!

Marthin Luther King ativava movimentos anti-racistas e anti-preconceitos , Chê Guevara chamava a luta, jovens enfrentavam a polícia , garotas enlouquecidas queimavam seus sutiãs , a minisaia , a pílula anticoncepcional e William Reich convidavam ao sexo livre , Jean Paul Sartre e Herbert Marcuse politizavam a rebeldia , Beatles e Rolling Stones incitavam a desobediência , e os jovens daquela época entravam na radicalidade sem limites e sem freios .É bem verdade que essa galera era muito “doida” , mas a diferença para a juventude de hoje é que a galera dos 70´s pensava , idealizava , pintava a cara, pegava em armas e morriam pela liberdade de todos . Era a liberdade que estava sendo violada , o direito de expressar seus sentimentos!

Como não poderia ser diferente , aqui no sul do país, não foi diferente .

Em Porto Alegre , a juventude universitária fazia protestos contra as reitorias e governo, reivindicava seus direitos , apanhava da polícia , era anistiada , invadia e dominava R.U.´s , seqüestrava professores que se negavam a dar matérias que tinham um conteúdo mais pensante , “As Veias Abertas da América Latina “ de Eduardo Galeano era livro de cabeceira e as músicas de Caetano Veloso e Chico Buarque de Hollanda , mesmo sendo politizadas demais , era música de balada!

Era uma geração que consumia ideais, traficava informação , um culto à compreensão do sistema . Bem diferente da contemporânea .

A minha geração é fraca demais , e creio que a culpada de tudo é a falta de liberdade que achamos que temos.

Digo falsa , porque na verdade achamos que podemos usar tudo, fazer tudo, mas esse é o modo de repressão mais útil na mão do sistema que nos comanda!

Hoje podemos fazer tudo , temos o entretenimento nas nossas mãos , é tudo fácil , “mastigado” , basta ter um computador , um tênis Nike e uma garrafa de Coca-Cola que está tudo bem .

É uma geração filosoficamente (sem saber ) existencialista e narcisista , ou seja , o que importa é o meu “eu” e nada mais!

Olhe e perceba as músicas “melódicas” e “góticas”. É um sofrimento pessoal , é algo particular e egoísta , é uma tristeza que não sei de onde vem , mas é minha!

Á 20 anos atrás , fazer uma tatuagem era signo de presidiário , era estigma de um cara que saiu da sociedade , que vivia em uma outra tribo, era algo como “b estou saindo sistema”( como os hippies nos Estados Unidos que queimavam seus certificados de alistamentos militar , para não lutar na guerra do Vietnã e assim eram tidos como “foras da sociedade”).

Hoje , ter uma tatuagem ( como qualquer coisa) é bonito , faz parte da lista de consumo , e olha que é grande a lista . É tudo comércio, valor estético, nada mais!

A música , principalmente , é totalmente consumista ,apelativa, baseada na necessidade de tendências , naquilo que uma certa gravadora precisa vender ....

A prova disso é que ninguém amis ouve falar de Chico Buarque , Gilberto Gil e etc. Eles morreram ? Não , apenas saíram desse comércio avassalador.

Ninguém mais reflete para escrever uma música , como faziam os caras da Legião Urbana ou Barão Vermelho , a não ser pensarm no dinheiro.

Se a música serve para lançar mais um ídolo , se serve para se esfregar , ta beleza! Pra quê pensar , refletir , pra que política ? Deixa isso para o engravatados !

É isso que acontece . Esse é o objetivo e grande plano desse sistema capitalista , quer nos dar uma falsa sensação de liberdade , para nos prender , nos deixar acomodados .

Se estamos consumindo , ta tudo certo!

Minha geração Coca-Cola , come , dorme e morre , sem ideal e sem consciência .

“- Livros , documentários , protestos ...pra quê ? Hoje a noite tem Crepúsculo ! “

Essa falsa liberdade , prende . No passado , a prisão, a censura, libertava .

Pois nos dá uma verdadeira idéia de confronto.

Ser livre é uma questão de cérebro , de ter um senso crítico , científico , pois não cabe em mim o conformismo.

Existe algo mais , e eu me direciono para isso.

Me sinto como Sócrates , que quando ficava a passear pela belíssima Atenas , dizia:

“- Nossa , posso ver tantas coisas nessa cidade . Tantas coisas , que verdadeiramente não servem para nada e posso viver sem .”

Conscientize-se .

Um comentário:

  1. Gostei muito do seu documentário ou desabafo, como preferir, confesso que sou de uma geração muito acomodada,porem não posso ser hipócrita ao ponto de falar que não faço algumas das coisas que você falou, mesmo sabendo que de uma certa forma é alienado, me doí muito vê pessoas da minha idade que não dão a mínima para o que aconteceu na ditadura por exemplo e vê coisas se repetindo diariamente e as pessoas sem da o mínimo de atenção, sem reivindicar seus direitos, sendo que pessoas morreram por esses direitos ou supostos direitos!

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