quarta-feira, 29 de junho de 2011

Jesus








O que dizer sobre Jesus ? O que dizer dessa personalidade que nos remete a circunstâncias tão adversas e mesmo tempo, tão sinônimas ?
Podemos dizer qualquer coisa sobre esse cara , e até podemos tratá-lo assim mesmo, “cara”!
E não querendo dizer nada mais, podemos dizer também que Ele (ou “ele”), foi qualquer um , assim como somos qualquer um (a).
E talvez poderemos dizer que Ele foi um profeta, e assim como os muçulmanos, dizer que na hora da crucificação, substituíram ele por Judas....então foi Judas que morreu pela humanidade.






Podemos recriá-lo a uma imagem bizantina, aquela típica do Império Bizantino, um tanto quanto romântico e desfigurado.
Mas acho que ele fica mais importante pintado por Rembrandt...e ficaria mágico sim se fosse pintado por Dalí.
Podemos dizer como certos autores que quiseram ganhar dinheiro, que Ele teve noites de delícias e prazeres com Maria Madalena ( E a Bíblia fala que ela era pecadora, e não prostituta!) e que tiveram filhos...e até casa na praia.






Podemos até fazer perfis “fake” para Ele nas páginas de redes sociais, mas ele será, por si só, significante , talvez felizmente, ou infelizmente.
Os puritanos, certo do que estou falando, irão recriá-lo com um “círculo” branco na cabeça, quase que em uma bolha de ar, intocável, recitando mantras e curando asas de pássaros feridas por causa de quedas do ninho. Assim como sempre tenta com a humanidade.








Mas o que na verdade eu compreendo nas Escrituras, é que Jesus não é um Robô, nem “Achmed o terrorista” , nem nenhuma mitologia nórdica para explicar as funções e disfunções psíquicas da humanidade, e nem muito menos uma teoria.
Não é preciso comprovações científicas para chegar a essa dedução. Perceba que alguns caras andaram com ele ! Como sei ? Eles apostaram as suas vidas ! E o que ganharam ? Cabeças cortadas, peles esfaceladas, membros mutilados, escalpelados, traídos, devorados e destruídos.








Aí eu me pergunto : “ Até quanto vale uma mentira?”
Alguma coisa eles viram em Jesus!
E me pego nesses instante, nas minhas meditações em cima dele.










Não falo das multiplicações dos pães e dos peixes, nem das curas, nem dos passeios por cima dos mares do Galiléia a pé, nem das transfigurações de Moisés e Elias, nem quando Ele ressuscitou Lázaro, não, nenhuma dessas maravilhas, por que isso, já sabemos que qualquer fé pode fazer, mas falo dos momentos de choro, de alegria, de transformar água em vinho para a festa continuar, das conversas com as mulheres (desvalorizadas na época) , quando pegava as crianças no colo, quando andava com os mendigos, com os leprosos, com os cegos, com os ricos psicológicamente esquizofrênicos e dementes por poder, com os pobres que viviam à margem da sociedade, com os coxos e aleijados, com os governadores, com os traidores que le beijaram a face e comiam pão com ele a mesma mesa , e na cruz, posto ao lado de dois criminosos, não perdeu o carinho e o amor, mas na verdade, se mostrou o mesmo de sempre...esteve com os derrotados e fracassados a todo momento.




E infelizmente para alguns, Cristo é uma forma de ganhar dinheiro.
Sabe como? Dizem que a Graça é de graça, que Cristo morreu por você, levou seus pecados ...mas você tem uma dívida eterna com ele de 10% a cada mês! Cômico, Irônico ou repulsivo ?






E tem várias outras besteiras acerca dessa mesma personalidade. Alguns dizem que não existiu, alguns dizem que Ele foi até um "Power Ranger", alguns dizem que era um camponês, para alguns um revolucionário marxista, para alguns uma força da natureza, para alguns não foi ninguém...e para alguns, já foi alguém !
E para você, quem foi Jesus ?








Eu na acredito em Cristo por Ele ser Cristo, mas acredito em Cristo, por Ele ter sido igual a mim.


Seu irmão,

Samuka


( Ao som de: Amy WineHouse - You Know I´m No Good )

terça-feira, 21 de junho de 2011

Freak !




A sociedade não sabe lidar com todos, pois o diferente não tem lugar em lugar nenhum.
Não interessa se são pessoas, se não é perfeito, não há vagas.
Não há vagas na padaria, no supermercado, estacionamento, na universidade(nem com cotas), na igreja, na moda, e nem em lugar nenhum. Diferente não tem vez. Estranho não tem vez.

É estranho pensar que aquele ser é uma pessoa...
Mas ele tem sentimentos, ele tem sonhos, ele tem metas, ele é alguém .
E nós ? nós nos perguntamos : " Ele tem sentimentos? Ele tem sonhos ? Ele tem Metas ? Ele é alguém ?

E nesses nossos preconceitos, não percebemos, o quão estranhos e bizarros somos!
Talvez até mais bizarros!

A Proposta






Bem galera, acho que deu para perceber que os últimos post´s aqui do blog, não foram meus, mas sim , um compêndio de artigos publicados em outros blog´s, periódicos, jornais ou revistas.
Nesses post´s há uma relevância a certas pessoas que influenciaram a minha caminhada cristã, que como Cristo, vivem ou viveram de forma radical ! Encerrados dentro de igrejas ? Aprisionados no preconceito entre sagrado e profano ? Tendo a sua fé como algo que se faz no domingo pela manhã ? NÃO!
Mas são pessoas que viveram e vivem para estabelecer o REINO de Deus, e esse mesmo, não é uma cultura, mas sim um modo, um estado existencial de compreensão do divino revelado por Deus, em Jesus.
Jesus, foi nada mais, nada menos, a resposta de Deus para um mundo onde a a degradação, o ódio, o preconceito e a injustiça está instaurada.

A proposta que Cristo trouxe de Deus, era de amar e ter consciência do próprio Deus (Pai), e a proposta de amar o "próximo". As duas não são fáceis, e nem conquistadas de um dia para o outro, por isso nos foi revelado isso pela fé, vamos dizer assim , de forma mística e subjetiva.


Esse mesmo Jesus, não veio de forma nenhuma, como pregam certas "igrejas" , condenar o mundo, mas pelo contrário. Nos veio alertar da real circunstâncias em que vivemos, e nos ensinar a viver , e não a morrer. Não veio nos dar uma apostila das "50 coisas que não podemos fazer" , mas sim , ensinar que a vida é um propósito muito maior do que pensamos (João 10:10).


Shane Claiborne e Pr. Fábio Ramos de Carvalho, são dois caras ( ..poderia ser 2 mulheres também, sem problemas), que tem me influenciado e me influenciaram, como foi o caso do Pr.Fábio, já falecido.
Shane, é um cidadão comum, que crê em Cristo de forma visceral, fabrica suas próprias roupas, à moda Gandhi, serviu a Jesus em frentes missionárias junto a Madre Teresa e nas regiões bélicas do Iraque e faz parte de uma cmunidade sustentável. Como ele mesmo se define, um novo monástico. Pr. Fábio, até a morte esteve junto de prostitutas, moradores de rua, drogados e pessoas com problemas sexuais. Amou aquilo que Jesus colocou em suas mãos, e sempre , de forma simples, viveu esse evangelho. Por isso merecem esse espaço aqui.


Da mesma forma, faço a proposta a todas aqueles que passam por aqui no blog, de serem mais sensíveis com as pessoas.
Cristo , nos evangelhos, disse que nos últimos dias o amor se esfriaria, e assim , as pessoas estariam mais propensas a se destruírem. Eu vejo a destruição, você pode ver ?


Proponho a todos, que possam amar os seus próximos, que não passem de lado, que não optem pela desatenção civil!
O mundo já tem o desemprego, os traumas, o preconceito, as crises, os fanatismos, o extermínio, o tráfico e todas as demais dores...Não podemos ser mais um foco de destruição!

Por isso , seja como Cristo foi, amou até mesmo os que o pregaram na cruz.

Teu irmão,
Samuka.

domingo, 19 de junho de 2011

" Underground "




Underground?
Uma cultura? Uma religião? Um modo de vida? Um ideal? Como explicar essa expressão?

“OS DEFORMADOS?
OS SUJOS E DESPREZÍVEIS?
OS INSANOS E LOUCOS?
OS HIVs +?
OS TRANSEXUAIS?
OS ANTI-CRISTO?
OS DIFERENTES E ANORMAIS?
OS SUBUMANOS?
OS “ SEM DEUS”?


ONDE ESTÃO ???



...CONFINADOS NOS ASILOS DO
PRECONCEITO DE CADA UM.
...GRAVADOS NO CORAÇÃO E NA
MEMÓRIA DE UM DEUS SANTO
E MISERICORDIOSO, QUE UM DIA HÁ DE
JULGAR TODA A TERRA!” (Fábio Ramos de Carvalho)

”Ide por todo mundo e pregai o evangelho a TODA a criatura”... Marcos 16:15
“”...porque foste morto e com o teu sangue compraste para DEUS os que procedem de toda tribo, língua, povo, e nação”... Apocalipse 5:9

Conhecemos muito bem, esses versículos, e tantos outros relacionados a esse assunto... mas por quê tapamos nossos ouvidos? Vivemos muitas vezes, uma “vidinha” medíocre e confortável e nos recusamos a olhar para o lado e encarar a verdadeira realidade do mundo eu que vivemos! O que falta em nós é uma atitude verdadeira inspirada no MAIOR, O que teve a maior atitude...
Imagine se JESUS, no momento em que deveria tomar a atitude para qual veio ao mundo, pensasse por um minuto como você!?
O que seria da humanidade?
Fraqueza? Medo? Vergonha? Comodismo? Pré-conceito? Discriminação? Ou COVARDIA?
Qual destas palavras descreveria melhor nossa falta de atitude?
Está na hora de deixar nosso ego na cruz, crucificar nossa vontade e deixar de lado nossos compromissos carnais e tentar nem que seja por um momento voltar nossa atenção, e nosso amor (como Jesus nos ensinou) aos perdidos, que estão pelas ruas, sob viadutos e marquises da cidade, nos prostíbulos , em lugares mal “vistos” pela sociedade, ou até mesmo na esquina da sua casa, famintos e sedentos de amor, de atenção, da presença de DEUS...
Vivemos hoje em dia numa sociedade cristã egoísta que só se desenvolve em ambiente acolhedor, longe do medo, angústia ou perseguição. Se forem retirados de seu ambiente confortável e colocados no mundo real, onde sopra o vento da adversidade e cai a chuva amarga das perseguições se perdem desistem, escondem...

O ministério Elteque Missões Urbanas, tem como visão resgatar os verdadeiros princípios bíblicos e focalizar questões como missões, inconformismo com o sistema social mundial, contra-cultura do mundo, vida e caráter cristão, lidando com pessoas de culturas diferentes e peculiares que precisam de atenção especial e cuidado no seu processo de adaptação, pessoas que muitas vezes são excluídas marginalizadas e desprezadas pela sociedade... fomos chamados para esse tipo de trabalho e temos prazer em fazê-lo pois sabemos que enquanto a igreja fecha sua visão no pré-conceito na religiosidade , em rituais tradicionais, dogmas e doutrinas... vidas estão se afastando cada vez mais do propósito do coração de DEUS, almas estão famintas e sedentas cada vez mais desesperadas e morrem porque não há mais amor... não há muitas vezes quem vá e se doe... e dê sua vida, seu tempo, seu amor, seu exemplo para que elas sejam salvas...
(Leonardo Caldeira)

Confira mais detalhes e explicações mais especificas escritas por quem já tem experiência, testemunho e conhecimento sobre o “mundo” UNDERGROUND...


POR QUE ESSE MINISTÉRIO ?


Para se entender o homem é preciso compreender a sua origem e sua história. O homem é a conseqüência da evolução de fatos e sugestões que formaram seu pensamento, costumes e cultura.
Entendemos o grito do renascentismo na Europa do Século XV, quando o imperialismo monárquico e a imposição absolutista do clero massacravam e sufocavam a sociedade da época que, como uma antítese, criou a hiper valorização do EU, a glorificação do humano: o humanismo.
As expressões filosóficas, artísticas, culturais e científicas demonstravam explicitamente o homem como o centro absoluto, gerando o individualismo desenfreado e a competitividade, onde vence quem é melhor! Homens como Shakespeare, Da Vinci, Camões, Erasmo de Roterdã, Galileu Galilei, William Harvey, André Vesálio e muitos outros influenciaram e influenciam ainda o pensamento dos homens através de suas obras e descobertas, trazendo mudanças no comportamento humano.

“Deus está morto!”

...Bradava Nietzsche às sociedades do século dezenove, em meio a um tormento existencial.

A humanidade vive sob a lei do “prazer aqui e agora”. Vários movimentos de libertação têm surgido nas últimas décadas. Nossos anseios e aflições fizeram de nós seres altamente insatisfeitos. Os movimentos são manifestações sinceras da não aceitação da cultura impositora que massacra os mais fracos e oprime as minorias.
Revolução pós-guerra, “hippies”, revolução estudantil, neo-anarquismo, liberação sexual etc são alguns desses gritos por mudanças e respostas. Numa sociedade falida e injusta, o que resta é descrença no sistema e nas instituições, gerando o individualismo como forma de sobrevivência.
Muitos jovens têm o coração fechado para o evangelho porque têm no seu imaginário o exemplo da opressão da igreja católica romana em diversos séculos, conivente e participante da corrupção dos sistemas estabelecidos, e associam o cristianismo à imagem de igrejas tidas por eles como instituições falidas, contraditórias, desmerecedoras de crédito.
É necessário dizer a esse mundo -que já ouviu falar de Jesus-, que Cristo está acima e é muito mais do que os religiosos, bem ou mal, conseguiram mostrar. É preciso mostrar que Cristo é a possibilidade, o exemplo e a consumação do perdão, da justiça, da paz e da salvação.

A CULTURA DOMINANTE

Uma análise rápida de faces da cultura dominante nos permite entender o porquê do inconformismo de muitos jovens. Os anos 90 assistem à derrocada de sistemas que subsistiram durante séculos. As crises mundiais são mostradas diariamente pelos meios de comunicação. Caiu o comunismo e o Muro de Berlim, mas a crise é igualmente conflitante no mundo ocidental, onde aumentam as desigualdades sociais, a revolta, a miséria, o desemprego.
Os problemas estão em todas as partes. É simples quando percebemos que sistemas injustos e instituições repressoras são, na verdade, o reflexo da maldade, do pecado no coração dos homens. Os poderes estabelecidos possuem mecanismos de punição, porém, não têm interesse e fracassam nas tentativas de recuperação, porque eles mesmos, muitas vezes, são modelo de oportunismo e corrupção.
Rubem Martins Amorese, secretário especial de ética da AEVB (Associação Evangélica Brasileira), em artigo publicado no informativo “Convergência”(agosto 95), analisa que “a paternidade social está em crise”. Ele diz que o país empurra seus “filhos” para a contravenção e deseja que sejam honestos e éticos:

“aprovaram leis que transformam o Estado num cassino e não querem concorrência, mas ainda assim são capazes de grandes gestos de sensibilidade. Não desbaratam o jogo do bicho porque causaria grande desemprego. Há de se pensar nas famílias que vivem da atividade. O mesmo se diga de atividades alternativas e tantos outros meios de vida que florescem no lusco-fusco de uma legalidade criada por uma paternidade maculada, interesseira, gananciosa e elitista, além de fraca, trôpega, confusa, contraditória e culpada. A situação de violência urbana em que vivemos apresenta-se como um forte indicativo de que falharam todos na preservação de uma legalidade hipócrita e leonina. Uma legalidade com redação moderna e atual, mas com ranço de escravatura, discriminação, totalitarismo, dominação e elitismos”.

As penitenciárias fabricam criminosos de alta periculosidade por causa da superpopulação carcerária. Os presos por delitos banais (pequenos furtos), são encarcerados juntamente com seqüestradores, traficantes e homicidas. O primeiro censo penitenciário do país, elaborado pelo Ministério da Justiça em fins de 94, mostrou que há no Brasil 129.169 presos ocupando 59.954 vagas. Desse total, 95% são pobres e 30% estão presos por cometerem delitos banais como roubar tijolos ou uma lata de leite. Além disso, quase metade deles tem menos de 30 anos.
A Aids há muito tempo deixou de ser a “peste gay” e, a cada dia, contamina mais heterossexuais, mulheres e adolescentes. Vive-se, ainda, em constante tensão provocada pela violência nas grandes cidades. O problema do desemprego e a crise econômica que envolve todo o planeta, entre outros, motivaram o recrudescimento da xenofobia em diversos países. É preciso achar um culpado; assim, os dedos em riste se apontam para os imigrantes, para grupos étnicos, para as minorias.
Infelizmente esse caos tornou-se o cenário propício para a pregação dos arautos da “nova era”. A igreja precisa permanecer santa dentro dessa realidade e oferecer a possibilidade de se viver o “Reino de Deus” e contribuir para a transformação da sociedade injusta, corrupta, preconceituosa.



CONTRACULTURA - A História


Os grupos urbanos se diferenciam pelas formas próprias de se expressarem, pela ideologia político-social, pelas músicas, vestimentas, linguagem, inclinação religiosa (ou anti-religiosa). Para entendermos melhor a evangelização dos grupos urbanos, é necessário entender o que é contracultura e como ela influenciou e modificou a vida das pessoas nas últimas décadas.
Em termos gerais, “contracultura” significa cultura alternativa, a cultura marginal, cultura não-oficial. Podemos entender a contracultura, por um lado, como um conjunto de movimentos de contestação da juventude, um fenômeno datado e historicamente situado. Por outro lado, o termo pode se referir a uma postura de rebeldia e, como afirmou Luís Carlos Maciel (colaborador de diversos jornais “underground” nos anos 70), “um certo modo de contestação e enfrentamento da ordem vigente, de caráter profundamente radical e bastante estranho às formas mais tradicionais de oposição a esta mesma ordem dominante”.


ANOS 50 - O mundo ocidental estava eufórico com o fim da II Guerra Mundial. Ao mesmo tempo, celebrava-se o desenvolvimento tecnológico que alimentava cada vez mais o desejo consumista e motivava a afirmação do american way of life. Concomitantemente, porém, vivia-se sob a tensão da “guerra fria”, alimentada pela ameaça atômica entre os EUA e a União Soviética, e a perseguição a personagens da esquerda americana, o “macarthismo”.
Nesse contexto surgia uma nova geração de poetas, a beat generation, de um espírito contestador que rejeitava não somente os valores estabelecidos mas, basicamente, a estrutura de pensamento que prevalecia nas sociedades ocidentais. Assim, os beatniks criticavam o predomínio da racionalidade científica, tentando redefinir a realidade através do desenvolvimento de formas sensoriais de percepção. Esse pensamento antiintelectualista motivava a busca de experiências místicas através de filosofias orientais e de outras formas de consciência possibilitadas pelo uso de alucinógenos.
Pouco após o surgimento dos “beatniks”, surgem os hipsters, opondo-se aos square (os caretas, os quadrados), os conformistas bem ajustados ao sistema. Ao contrário dos beats boêmios e de certa forma românticos, os “hipsters” eram mais radicais em sua revolta contra as então modernas sociedades tecnocráticas. Assim, o “hipster” procurava se desligar da sociedade, existir sem raízes, empreender uma busca profunda de si mesmo. Uma das formas para se realizar isso, desafiando o desconhecido, era pela “delinqüência”.
Simultaneamente ao aparecimento dos “beatniks”, na década de 40 ainda. A década de 50 foi marcada, também, pelo surgimento do rock’n roll, aglutinando um público jovem que começava a fazer desse tipo de música a expressão de seu descontentamento e rebeldia, tornando inseparáveis a música (ou arte) e o comportamento. É a chamada “juventude transviada”, “com suas gangs, motocicletas e revolta contra os professores na sala de aula”, como lembra Carlos Alberto Pereira no livro “O que é contracultura”. O rock passaria a ser, então, a principal manifestação artística da contracultura e porta-voz da revolta, rebeldia e insatisfação.


ANOS 60 - “Flower power”, “paradise now”, “é proibido proibir”: estes foram alguns dos slogans mais repetidos pelos jovens nos anos 60. Em decorrência dos “beatniks” e dos “hipsters” surgiu o movimento Hippie, cuja maior filosofia era o binômio “paz e amor”. Apesar de muitos pontos em comum (insatisfação com o sistema etc), os “hippies” se diferiam dos “hipsters” pela alegria. Enquanto os “hipsters” eram deprimidos e céticos, os “hippies” eram alegres, festivos e utilizavam as flores como símbolo. Durante essa década eles fizeram passeatas, promoveram festivais onde rolava sexo livre e se celebrava o uso das drogas, protestaram contra a guerra do Vietnã e curtiram a música de Bob Dylan, Beatles, Joan Baez e muitos outros vistos como referencial e porta voz da juventude. A música jovem (especialmente o rock), perdeu a inocência das canções de Elvis Presley e passou a ser baluarte da contestação política (Dylan), contra a guerra do Vietnã (Joan Baez) e das seitas orientais e experienciação alucinógena (Beatles, Rolling Stones).


ANOS 70 - No início da década morrem três ícones da contracultura: Jimmy Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison. Em dezembro de 1970 John Lennon declara que "o sonho acabou". Era a declaração oficial do fim do movimento e do sonho “hippie” de uma sociedade constituída no "paz e amor":
Eu acordei para isso também. O sonho acabou. As coisas continuam como eram, com a diferença que eu estou com trinta anos e uma porção de gente usa cabelos compridos".

Na música "God", Lennon registra o “fim do sonho”:

“O sonho acabou/ o que é que eu posso dizer?/ o sonho acabou/ ontem, eu era um fabricante de sonhos/ mas agora eu nasci novamente/ eu era o Leão Marinho/ mas agora eu sou John/ e então meus amigos/ vocês têm de continuar/ o sonho acabou".

Separados os Beatles, John Lennon passa a posar como arauto da paz, com músicas filosóficas e fotografias com pombas brancas na cabeça.
É a redescoberta da macrobiótica, da yoga, hare krisna, candomblé (no Brasil), lutas marciais, sessões de psicanálise etc.

As bandas de heavy metal faziam saudações satânicas em seus shows e, nos discos, músicas incitando ao uso de drogas, ao suicídio. Mensagens subliminares eram colacadas nas gravações. Em l976, porém, explode em Londres o movimento Punk, com uma espécie de anti-música criticando os músicos de “heavy metal” que haviam se transformado em estrelas, ou seja, haviam se aderido ao sistema do "showbiz". Os “punks” eram contra as religiões, contra as instituições, contra a sociedade, num discurso predominantemente anarquista.

Em texto publicado na revista “Manchete” (29/5/82, número 1571), o jornalista Irineu Guimarães analisava, assim, a crise da juventude dos anos 70:

-”Decorrente da crise do petróleo, a crise econômica mundial permitiu, pela primeira vez na história recente, que os países desenvolvidos e em via de desenvolvimento percebessem que o futuro econômico não era mais uma marcha regular rumo à prosperidade e rumo a níveis de produção e consumo cada vez mais elevados. De um dia para o outro, a noção de "sociedade de opulência" foi substituída pelo conceito de "sociedade de penúria". Os sociólogos descobriram um novo dicionário, cujos vocábulos chave passariam a ser: desemprego, superqualificação profissional, inadequação entre educação e mercado de trabalho, ansiedade, atitude de defesa, pragmatismo e luta pela sobrevivência. A descoberta repentina de insegurança e de incerteza de participação no arquétipo clássico do ciclo produção consumo fez explodir, em poucos meses, os mitos e as contradições que viviam disfarçadamente nas velhas definições da mocidade. De noite para o dia, os jovens descobriram que eram enganados e que contribuíam, pela sua própria maneira de ser em grupo, para a continuidade desse engodo. Eles vivem numa sociedade que os venera porque celebra neles a aventura, o sonho, a possibilidade de aderir ao delírio e de, a ele aderindo, modificar a realidade. Mas essa veneração é mentirosa. Porque, de fato, eles não tem a menor chance de participar na elaboração das propostas desta sociedade, de colocar na raiz da instituição sua própria criatividade, de inventar ou conquistar um espaço suficiente para seu sonho”.

Diante desse quadro, entendemos porque o filósofo Herman Hesse, autor da frase "quem quiser nascer precisa destruir o mundo", era o preferido da juventude da época.

ANOS 80 - Nos anos 80 se acentuou na juventude o individualismo, o cada-um-por-si. O yuppie, o jovem bem vestido e financeiramente bem sucedido, passou a ser o modelo a ser atingido pela juventude. Diversos líderes da contracultura dos anos 60 se tornaram empresários de sucesso. A Aids surgiu e colocou na berlinda a tão proclamada liberdade sexual conquistada nos anos 60. O protesto se organizou em diversos grupos, as ONGs (Organizações não Governamentais), que lutaram por causas diversas: grupos de homossexuais, grupos de apoio e prevenção à Aids, grupos de defesa da ecologia. A propósito, a natureza foi não apenas defendida mas, mais que isso, admirada e idolatrada, levantada à posição de solução ante ao mundo industrializado, poluído e artificial. Ao mesmo tempo, recrudesceram movimentos de extrema direita, como o neonazismo. O esoterismo atingiu status e prestígio, saindo de seus esconderijos e camuflagens e assumindo novas formas divulgadas por artistas e políticos, com amplo espaço nos meios de comunicação. Cresceu o número de bandas de “heavy metal” declaradamente satanistas, é o black metal. A pregação da “nova era” se intensifica, anunciando a Era de Aquarius já cantada pelos "hippies". Causas comuns de solidariedade, envolvendo jovens de todo o mundo, foram vistas em questões como a fome na Etiópia e a libertação do líder negro sul-africano Nelson Mandela.


CONTRACULTURA CONTEMPORÂNEA


Os anos 90 vivem o caos das grandes concentrações urbanas. As metrópoles do mundo inteiro atraem multidões à procura de novas oportunidades. Essa massa migratória traz consigo, evidentemente, seus hábitos, sua cultura. A diferença é que, se no passado, como no caso dos Estados Unidos, os imigrantes se adaptavam à cultura do novo país, isso não mais ocorre. Ao contrário do que alguns cientistas políticos anunciavam, de que os meios de comunicação de massa acabariam por nivelar e igualar culturalmente as pessoas, os grupos étnicos e as chamadas minorias se fortaleceram na manutenção de suas peculariedades, de seus costumes, fazendo ressaltar nas grandes cidades a diversidade cultural, a diferença. A propósito, aí reside o conflito cultural dos dias atuais. O mundo descobriu que as pessoas são diferentes e não sabe lidar com isso. E o diferente não está mais distante numa tribo africana ou numa ilha distante do Pacífico; o diferente está morando na casa ao lado, disputa o mesmo emprego, entra no mesmo elevador.
Não existem mais grandes causas em comum que unam e mobizem jovens de diversas partes do mundo em forma de movimentos de protesto e contestação. A sociedade fragmentou-se. Talvez seja difícil as novas gerações entenderem mas, o termo "urbanidade", até os anos 50, era um elogio. O palavra "polidez", do mesmo modo, surgiu do substantivo "polis".
A atual onda xenófoba norte americana contrasta com as características cosmopolitas das grandes cidades do mundo.
A contracultura que antes tinha uma motivação, um slogan e um discurso político-ideológico, hoje, seculo XXI, se restringe a grupos que desejam apenas conquistar um grau de satisfação. Não somente os "rebeldes" e "transviados" mas, a própria sociedade contemporânea está-se organizando em torno de semelhanças culturais, de gostos sexuais, afinidades religiosas. O sociólogo francês Michel Maffesoli afirma que "em vez de se unirem em torno de um grande ideal democrático, as pessoas agora ficam juntas sem nenhuma afinidade, só pelo prazer, ligadas por valores muito próximos do cotidiano". (O Globo, 28.5.95)
As minorias se organizam na luta por seus direitos. As ONGs se multiplicam e se fortalecem. Cresce a onda do "politicamemte correto". Somente no Brasil, por exemplo, existem atualmente mais de 60 grupos de defesa e miliância dos direitos dos homossexuais.



Maffesoli explica que "as grandes utopias foram substituídas por pequenas liberdades intersticiais, não estamos mais à procura da grande liberdade longínqua e utópica, mas da pequena liberdade no cotidiano, nos interstícios sociais; existe a exploração capitalista mas as pessoas conseguem encontrar pequenos espaços de liberdade no cotidiano; é uma conquista sem palavras, uma liberdade de sobrevivência, mas, apesar das dificuldades sociais, morais e econômicas, as pessoas vivem".
As alternativas da “nova era” florescem e muitos jovens buscam respostas e soluções no ocultismo. A existência de fragmentos sociais transformou os grandes centros urbanos em verdadeiros universos, labirintos onde milhões de pessoas tentam achar sua saída. O homem "criou" suas próprias respostas, que vão do mais trágico humanismo -"tudo-ao-mesmo-tempo-agora"-, até o mais desesperador misticismo, onde o não racional e o engano ditam as regras.



IGREJA - Status Quo ou Alternativa ?


O cristianismo faz parte da humanidade há dois mil anos, mas sua mensagem foi revelada desde a queda do homem, registrada no livro de Gênesis.
Deus ama o mundo, o cosmo (Jo 3:16), e este cosmo-sistema engloba todos os homens e sociedades (Ap 5:9).
O evangelho de Cristo não é uma cultura; daí nao podemos impor os padrões da classe média ocidental como modelo do Reino de Deus. Na mentalidade tradicional evangélica, infelizmente são tidos como "salvos" apenas aqueles que se adaptam aos conceitos culturais e morais dos membros dos grupos religiosos. Errado também seria impor uma cultura diferente à sua ou um feldo religioso sobre os salvos.

Qual a resposta, então?

A palavra de Deus, a Bíblia, nos esclarece. Durante o ministério de Pedro, aprendemos sobre o respeito de Deus pelas culturas gentias, e o modo como ele interferiu no trabalho de Pedro que insistia em repudiar os não judeus. At.10:9-15,28,34,35.

Igrejas Racistas
Por incrível que pareça, enquanto vê-se o fim do apartheid na África do Sul, testemunha-se o acirramento da divergência racial nos Estados Unidos. A perplexidade maior, entretanto, é saber que é praticamente “normal” naquele país a existência de igrejas racistas. A gravidade desse racismo se comprova por fatos históricos recentes, como assassinatos de negros cometidos por adeptos da Ku Klus Klan, muitos deles membros e líderes de igrejas protestantes, após o culto dominical.
Muita violência foi e tem sido cometida “em nome de Deus”. Esse é um dos piores sintomas da perfeita adequação da igreja ao “status quo”, ao sistema estabelecido. Isso mostra como a questão da diversidade cultural não é bem assimilada. Adequando-se ao “sistema”, muitas comunidades cristãs limitam a grandeza do Evangelho às suas preferências sociais, raciais, culturais e interesses políticos, ao invés de se constituirem como uma alternativa de vida para povos, grupos ou indivíduos marginalizados, estigmatizados, rejeitados.

Os anos de inércia da igreja medieval, indubitavelmente mais “romana” que “católica” permitiram, por exemplo, que o Islamismo surgisse, florescesse e chegasse a diversos povos, os quais nunca haviam ouvido falar de Jesus e até hoje não conhecem a mensagem do Evangelho. Como consequência temos hoje a estatística de que uma religião que não professa o nome de Jesus é a que mais cresce no mundo!!!



A REVOLUÇÃO DE JESUS


Felizmente, milhões de pessoas no mundo, apesar das diferenças culturais, têm conhecido o amor de Jesus através de cristãos realmente compromissados com o Reino de Deus.
Apesar de ignorados pela história oficial, todos os séculos tiveram testemunho de cristãos piedosos tementes a Deus. Na história contemporânea não é diferente. Desde os anos 50, por exemplo, pessoas se dedicaram a proclamar o evangelho simples e puro, escoimado de preconceitos e preferências pessoais, à juventude desiludida à procura de novas respostas.
Larry Normam compunha rock e blues com mensagens cristãs e, através de seu trabalho. muitos jovens se converteram ao cristianismo no auge da revolução hippie que marcou os anos 60. A propósito, se os hippies procuravam a paz e o amor, certamente que não podiam deixar de receber o testemunho sobre a verdadeira paz e o verdadeiro amor vindos de JESUS.
Assim, muitos hippies se converteram e passaram a pregar o evangelho da mesma forma alegre e descontraída, com suas roupas e colares coloridos, através de sua música. A geração do “flower power” não podia mais associar o cristianismo a longos sermões, listas de obrigações e à retórica das religiões.
O novo “fenômeno” chamou atenção das igrejas e da imprensa mundial, recebendo o nome de Jesus Revolution”. O Reverendo Normam Vincent Peale fez, na época, a melhor e mais simples análise do surgimento do Jesus People. Em depoimento publicado na revista “O Cruzeiro” (22.11.72), Peale dizia:

-”De certa forma, os cristãos tradicionais são responsáveis pela “Revolução de Jesus”. Durante anos poucos estenderam a mão e assistiram a mocidade no momento em que se processava um vácuo espiritual. Todos os sinais estavam ali: insatisfação com materialismo e endinheiramento, impaciência com formas obsoletas de culto, anseio de auto-realização (buscado), primeiro, através da música rock, depois, sob várias espécies de misticismo e, finalmente, pelas drogas. Padres e pastores ficavam em seus gabinetes remexendo papéis, preocupados em construir templos e rever orçamentos. Outros até chegaram a providenciar programas de ação social bem intencionados, mas com dieta pobre para os espiritualmente famintos. Muitos olhavam para os jovens e não gostavam do que viam. ‘Afastem-se’, nós lhe dizíamos, ‘vão tomar um banho e cortar o cabelo; aceitem os nossos valores; voltem, então, e conversaremos’. E o que foi que aconteceu? Um milagre, de certo modo. Sem grande ajuda nossa, alguns desses jovens que procuravam nortear-se saíram tateando, tropeçando, e conquistaram o seu caminho, até encontrarem ALGUÉM tão majestoso, tão cheio de amor e transbordante de vida que encheu por completo o vazio de suas existências”.

Peale, nesse depoimento, dizia ainda que os cristãos “austeros e convencionais” tinham muito que aprender com a inflamação desses jovens, inclusive reaprender a vibrar com o encontro de CRISTO, “desenterrando-o do túmulo da história e de suas mentes”...
A mesma reportagem registrou, ainda, o depoimento do Cardeal gaúcho Dom Vicente Scherer, apontando “um aspecto positivo e promissor do ‘Jesus People’”: -”Parece um bom sinal que os próprios jovens, investindo com uma audácia que raia pela temeridade, quais novos bárbaros, contra ídolos influentes e erros dominantes, voltem seus olhos para Cristo em busca de rumos de autenticidade, de refúgio de de libertação”.

REZ - Naquela mesma época surgiu um grupo que, unido até hoje, é o melhor remanescente da “Revolução de Jesus”: a banda “Ressurection”, ou “Rez”. Os membros da “Rez Band” vivem em comunidade num bairro pobre da cidade de Chicago. A comunidade funciona como “um refúgio para pessoas machucadas à procura de vida; usuários de drogas tentando livrar-se dos velhos hábitos; homens e mulheres que tiveram uma experiência com Cristo na cadeia, foram libertados e agora precisam de um novo lugar que os ajude a permanecer no caminho de Deus; pessoas que desejam se libertar do homossexualismo; jovens cujos pais necessitam de assistência”. (Informativo “Cornnestone” l992). Para o pastor Glenn Kaiser, líder da igreja “Jesus People”, “uma comunidade não pode sobreviver se ela não se prestar a algo maior do que ela mesma, viver a serviço dos outros”.

COMUNIDADE S8 - Simultaneamente ao surgimento da “revolução” nos Estados Unidos, acontecia, no Brasil, movimentos cristãos voltados aos jovens envolvidos com a contracultura. Dentre eles, destacou-se o trabalho da Comunidade S 8, situada em Niterói, Rio de Janeiro. Seu fundador, pastor Geremias Matos Fontes (ex-governador do Estado do Rio), iniciou o trabalho na garagem de sua casa, no começo dos anos 70, onde reunia jovens cabeludos e drogados e pessoas com diversos outros problemas. O ministério se expandiu e até hoje acolhe e orienta pessoas marginalizadas, como homossexuais, dependentes químicos e portadores do vírus HIV. Uma das características marcantes da S 8 é a sua produção musical, com ritmos e poesias originais e peculiares, registrados em mais de cinco Lps ao longo desses 20 anos de atividades.



A RESPOSTA


JESUS CRISTO: a resposta de Deus para uma humanidade morta e falida. “Estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida, juntamente com Cristo - Pela graça sois salvos” (Ef.2:5).
Deus ama a cidade e tem um propósito para ela. Existem na Bíblia centenas de citações sobre cidades, como podemos ver, entre tantas, em Gn 22:15-17; Nm 35:1-8; Jz 4:11; Lc 2:1-7,11; At 8:4-8; Hb 12:22 e, finalmente, a Cidade de Deus, projetada e calculada por Ele, Ap 21:9-27. Quando entendemos qual a nossa expressão no Corpo de Cristo e qual a nossa função na história, aí realmente iremos “despertar”. Só há uma alternativa para nós: a igreja. Recebermos um despertamento vindo de Deus que nos acorde do sono da omissão (Ef 5:14-16).

Enquanto gritamos “maranata!”, enquanto fechamos nossos olhos e nos recusamos a olhar ao nosso redor, Satanás trabalha intensamente, deixando suas digitais na história e na cultura dos homens, além de um rastro milenar de destruição.
Entendemos que a Igreja de Cristo é a representante legal da graça de Deus. Não podemos adulterar o nosso “produto” e nem fracassar no nosso papel. Precisamos entender os conceitos urbanos de “tribos”, para poder alcançá-las; além disso, devemos estar atentos à realidade dos diferentes grupos étnicos que convivem nas metrópoles. Não podemos continuar omissos e indiferentes em face a uma turbulenta virada de século. Precisamos analisar se o nosso pensamento evangélico está alicerçado na “Palavra da Vida” ou na cultura européia do século XIX, trazida pelos primeiros missionários.

Precisamos ser sinceros com a nossa geração. Respostas etéreas e chavões religiosos não satisfazem as necessidades e não respondem os questionamentos da humanidade do final do século XX.
Cremos no potente amor de DEUS por todos os homens e na veracidade de sua palavra que nos “limpa” de todo erro e engano.

“E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará!” (Jo 8:32)




Elaborado por Fábio Ramos de Carvalho e Geraldo Luiz da Silva (out/95).
A reprodução ou transcrição do texto é permitida desde que devidamente citada a fonte.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

PASSEIO SOCRÁTICO (* Frei Betto)




Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos dependurados em telefones celulares; mostravam-se preocupados, ansiosos e, na lanchonete, comiam mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, muitos demonstravam um apetite voraz. Aquilo me fez refletir: Qual dos dois modelos produz felicidade? O dos monges ou o dos executivos?

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: “Não foi à aula?” Ela respondeu: “Não; minha aula é à tarde”. Comemorei: “Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir um pouco mais”. “Não”, ela retrucou, “tenho tanta coisa de manhã...” “Que tanta coisa?”, indaguei. “Aulas de inglês, balé, pintura, piscina”, e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: “Que pena, a Daniela não disse: ‘Tenho aula de meditação!’”

A sociedade na qual vivemos constrói super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas muitos são emocionalmente infantilizados. Por isso as empresas consideram que, agora, mais importante que o QI (Quociente Intelectual), é a IE (Inteligência Emocional). Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!

Uma próspera cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: “Como estava o defunto?”. “Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!” Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizi­nho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais…

A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é ‘entretenimento’; domingo, então, é o dia nacional da imbecilidade coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: “Se tomar este refrigerante, vestir este tênis,­ usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!” O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba­ precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma su­gestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globocolonizador, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer de uma cadeia transnacional de sanduíches saturados de gordura…

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: “Estou apenas fazendo um passeio socrático.” Diante de seus olhares espantados, explico: “Sócrates, filósofo grego, que morreu no ano 399 antes de Cristo, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: “Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.”



* Frei Betto é escritor, autor do romance “Um homem chamado Jesus” (Rocco), entre outros livros.

terça-feira, 7 de junho de 2011

A Salvação e o Inferno de Dostoeivski







Há dois textos de Dostoievski em “Os Irmãos Karamazov” que também exemplificam isso. O primeiro é o comentário sobre essa parábola [Rico e o Lázaro], feito por um dos personagens centrais do livro, que é um monge e conselheiro espiritual. Diz ele: “Eu pergunto a mim mesmo o que é o inferno. E defino assim: o inferno é o sofrimento por não poder mais amar. Uma vez [fazendo referência ao rico da parábola] um ser teve a possibilidade de dizer “eu sou e eu amo”. Uma vez somente foi-lhe concedido um momento de amor ativo e vivo. Para isso lhe foi dada a vida terrestre [que bela descrição do sentido da vida!]. Porém, esse ser repeliu esse dom inestimável e ficou insensível. E esse ser, tendo deixado a terra, vê de longe o seio de Abraão. Ele contempla o paraíso de longe. Porém, o que o atormenta precisamente é que se apresenta sem ter amado. E diz: “Agora a minha sede ardente de amor espiritual me abrasa”. O que abrasa o rico é justamente o desejo de amar, mas a impossibilidade de fazê-lo porque passou o momento. Ele desdenhou a possibilidade de amar na terra, quando era a hora de amar. “A vida que se podia sacrificar pelo amor já decorreu.”

O segundo texto é a lenda da cebolinha, um relato russo contado por uma das personagens femininas de “Os Irmãos Karamazov”:

Era uma vez uma mulher muito má, que morreu sem deixar atrás de si uma única boa ação. Os demônios a pegaram e partiram em desabalada carreira para o lago de fogo. Porém, seu anjo da guarda pensava: “Se ao menos eu pudesse me lembrar de uma boa ação que ela tivesse feito, iria contar a Deus!”. Recordou-se e disse a Deus: “Ela arrancou uma cebola na horta e a deu a uma pedinte”. Deus lhe respondeu: “Tente dar-lhe essa cebola no lago para que ela a agarre; se você a retirar, concordo que entre no paraíso; mas, se a cebola romper-se, então que fique onde está”. O anjo correu em direção à mulher e lhe apresentou a cebola: “Pegue-a”, disse ele, “e segure bem!”. Pôs-se a puxar com cuidado e a mulher emergia toda. Os outros culpados que estavam no lago, vendo que ela estava sendo retirada, agarraram-se a ela para poder sair também. Porém, a mulher era muito má e debateu-se para dar-lhes pontapés: “Sou eu que estou sendo retirada, não vocês!”. No mesmo instante em que lhes lançava essa observação, a cebola rompeu-se. A mulher caiu no lago e ainda está queimando. O anjo foi-se chorando.

Certo livro acadêmico, ao comentar a obra de Dostoievski, diz que, “em última análise, o que selou o destino da mulher não foi a longa série de transgressões pessoais, mas seu egoísmo e o fato de ter se colocado contra os outros pecadores, ou seja, seu desejo de alcançar uma salvação individual, que abrangesse apenas ela e não os outros”. O autor ainda diz que Dostoievski iguala a mulher má da lenda e o monge citado, que era um grande santo. Pois o monge, já morto, aparece em sonho a um dos irmãos Karamazov e lhe diz que está no paraíso somente porque um dia ele também “deu uma cebolinha”.







*Trecho da palestra de Paul Freston apresentada no 5º Congresso Nacional RENAS, em Recife, em agosto de 2010. Publicado pela Revista Ultimato Nº 327 Novembro-Dezembro 2010.

Manifesto Jesus Freak





1 - Nós propomos que, seguindo o exemplo de Jesus Cristo, não nos deixemos limitar pela religião. Os primeiros inimigos de Cristo foram os altos sacerdotes do Templo. O primeiro amigo de Cristo foi um louco que gritava no deserto.

2 - Nós propomos que as Escrituras são a mais alta autoridade cristã. Portanto devemos nos esforçar para compreendê-las muito mais do que nos esforçamos para aceitar a forma que nossos ancestrais a compreenderam. O mundo dos homens muda a cada instante. O mundo de Deus permanece o mesmo para sempre.

3 - Nós propomos que cada cristão tenha o mesmo credo essencial de Paulo de Tarso, Francisco de Assis, Martinho Lutero, William J. Seymour, Martin Luther King e ainda assim sejam livres para expressar sua fé de sua própria maneira especial, assim como o fez cada um destes cinco homens.

4 - Nós propomos que ninguém tem o direito de dizer que uma pessoa não será salva em Cristo, uma vez que a hora cabe ao Pai e a salvação cabe ao Filho. Assim, ainda que o próximo viva em escândalo você não deve se escandalizar.

5 - Nós propomos que os livros de orações sejam deixados de lado por um tempo. Talvez seja difícil usufruir de nossa liberdade de expressão em um primeiro momento, mas seremos recompensados com uma relação mais intima e próxima com Deus. Por muito tempo temos usado de maneira pobre o nosso missal. É hora de orarmos mais e irmos menos à missa.

6 - Nós propomos que devemos nos preservar um pouco dos hinários e livros de salmos. Eles são lindíssimos, mas nossa mente precisa respirar e perceber que está vivendo em uma época nova e radiante. Devemos compor novas músicas com novas letras, que sejam atuais e de acordo com nossa época. Não existe nenhum problema em cantar as glórias antigas, mas há uma infinidade de glórias novas aguardando e clamando para serem cantadas.

7 - Nós propomos nos libertarmos da arquitetura do passado criando novos espaços para nossos cultos. Derrubemos as igrejas e templos para não haver mais a separação entre irmãs e irmãos, entre crentes e ateus, entre humanos e resto da criação. Chamemos de volta a todo aquele que expulsamos de nossas igrejas: os infieis e os piores pecadores! A Casa de Deus não é uma casa de desespero. Chamemos todos de volta, ainda que continuem pecando para sempre.

8 - Nós propomos que descubramos como os avanços tecnológicos de nossa época podem ser usados para a glória de Deus. “Frutificai e multiplicai-vos” nunca foi um desejo ligado única e exclusivamente ao sexo. “Eis que saiu o semeador a semear” nunca foi restrito as praças públicas. Deus nos presenteou com tecnologias que nossos antepassados sequer sonharam poder existir. Está na hora de aceitarmos essa graça e fazer bom uso dela. Vamos organizar oficinas e mostrar como a arte e a ciência podem fazer parte de nossas festas e nossos exercicios de contemplação.

9 - Nós propomos o uso do intercâmbio cultural para enriquecer nossa literatura litúrgica com materiais até então ignorados por nossos cultos tradicionais. Há uma abundância de sabedoria e beleza nos textos considerados apócrifos pela igreja medieval, nas escrituras sagradas de outras crenças e mesmo na poesia secular que podem e devem ser usados em nossa liturgia para atingirmos um propósito estético superior ao atual.

10 - Nós propomos que em um mundo dominado pela mídia onde o uso da imagem supera o do texto, os cristãos devam fazer uso das figuras mais fortes, corajosas e chocantes possíveis. O cinema, a televisão e mesmo intervenções urbanas devem ser usados. Não há lógica em mostrar o caminho, a verdade e a vida usando imagens piegas, meia luz e baixa resolução.

domingo, 5 de junho de 2011

Os Braços de Fábio






Quando Fábio morreu, eu não conseguia pensar em mais nada a não ser em seus braços, na pele que iria se decompor. Pensamento mórbido, eu sei, mas só me lembrava das tatuagens que decoravam os braços daquele homem e no que aconteceria com elas após a morte.

No tempo em que ele se deixou marcar, tatuagens eram símbolo de rebeldia antissistema, uma espécie de selo de não-pertencimento a algo que a geração de Fábio desprezou. “Não pertenço a tudo o que vocês hipocritamente valorizam, às suas teologias frívolas, às coisas mínimas que lhes parecem tão grandes. Me tatuo pra mostrar que meu corpo é um canvas de Cristo, assim como minha mente. Me tatuo para mostrar o que não sou”. Essa paixão pela iconoclastia custou caro a Fábio. Viveu boa parte da vida tentando construir a utopia da igreja que abraça e não exclui. Viveu ignorado pelo mainstream do evangelho brasileiro – talvez reconhecido nos últimos anos como um produto esquizofrênico da geração tribal. Útil, mas ainda assim, estranho. Para alguns, o utilitarismo falava mais alto e a bizarra Caverna de Adulão, fundada por Fábio, se tornava até palatável, porque alcançava a quem as igrejas convencionais não conseguiam alcançar. Para os mais fundamentalistas, ele nunca deixaria de ser um equívoco teológico, uma anormalidade pós-moderna, sincrético e perdido.

Porém, não escrevo sobre Fábio – escrevo sobre nós. A cultura brasileira nos ensina a cordialidade superficial, mas nos deseduca no entender o valor do indivíduo. Nosso valor é condicionado às marcas das roupas que usamos, ao carro que temos, aos figurões que conhecemos. Nosso valor individual também se condiciona à nossa capacidade de conformação. Os que não se conformam, nos perturbam. Em vez de nos enriquecerem, as diferenças são nosso problema. Diferenças teológicas, ideológicas e políticas se tornam a razão da minha guerra com o outro. Ele pensa diferente; portanto, não faz parte, não o reconheço, não existe pra mim.

Até Cristo, aquele que me incluiu num reino que eu não merecia, se torna desculpa para a exclusão. Excluo de meu convívio tudo o que diz respeito ao não-cristão; sua linguagem, sua música, e até ele mesmo. Meu mundo não tem lugar para o diferente.

Esquecemos que a cruz representa o abraço incondicional de Deus a nós, o outro, os estranhos e doentes pecadores. Fábio sabia disso sem ler a teologia de Miroslav Volf. A cruz que abraça os excluídos fez parte de sua vida. O abraço e a ignomínia estão juntos na cruz e, portanto, a rejeição também não lhe era estranha – fez parte de sua jornada, mas nunca se tornou sua teologia.

Quando nos convertemos, por melhor que nos pareça a vida que recebemos, o sabor do sangue está presente. Sangue da difícil renúncia pessoal no dia-a-dia, sangue que nos custa amar aos próximos e aos distantes e perdoar aos que nos ferem. Sangue que nos brota como suor na luta incansável contra o pecado. A morte está presente mesmo na glória da ressurreição. Na alegria de ver mais um salvo se presencia o começo de sua vergonha, agora que ele também caminha abraçado à cruz. Essa cruz nos faz caminhar em perdão constante, ainda que sofrendo a rejeição ao que ela representa. Assim andou Fábio.

Olho a igreja brasileira e seus descaminhos e me pergunto: vamos aprender um dia? Vamos apear do cavalo e galgar a cruz? Vamos nos alegrar porque o Mané de cabelo azul ficou sabendo que existe esperança quando um cara de cabelo comprido e braços tatuados como os dele lhe mostrou esperança em forma de amigo? Vamos entender e abraçar o diferente? Quando é que os Fábios que circulam por nossas igrejas vão nos ser mais caros que o estarmos certos? Quando é que vamos ouvir as ruas e nos amar na multiformidade de nossa expressão cristã brasileira?

– Lembra, Geraldo, daqueles braços marcados? Ninguém mais era como ele.

No meu delírio, Geraldo responde: – Não pude secar-lhe a pele, mas sequei o olhar. Sabe aquele olhar de perplexidade que ele às vezes tinha quando descobria uma coisa nova? Era como um menino encontrando um doce escondido. Guardo esse olhar comigo.

Também quero esse olhar pra mim. Olhar o diferente com uma surpresa esperançosa. Será que parte de Deus vem dele pra mim?







Bráulia Ribeiro – Artigo publicado na Revista Ultimato (Maio-Junho 2010 – Nº324)

O Que Fazer ?





Então o que faremos para que venham pessoas até as nossas igrejas ?
Vamos ser gentis ? Vamos orar (somente)? Vamos fazer uma propaganda na rádio comunitária da cidade ? O que faremos ?
Como faremos para que a grande comissão de Cristo se levante para fazer o que deve ser feito ?
Aliás , será tão simples assim ? E se for simples , será que sabemos o que fazer ?
Quais são as armas que nos são disponíveis ? De que forma iremos para a batalha ?
Sinceramente, o que Cristo nos falou, são coisas completamente simples, mas que vai gerar um grande tumulto :

“Porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me. “ (Mateus 25:35-36)
Entendeu? Cristo quer que venhamos suprir necessidades básicas uns dos outros : Comida, bebida ( de preferência Heinneken) , abrigo, vestes, visita, tanto na enfermidade quanto em enxadrezamento. Não importa , Jesus nos convoca a fazer o simples, o inútil para aqueles grandes homens de grandes obras ! A nossa obra é obra de gente de carne e osso, para gente de carne e osso, e nós, seres pobres e ridículos, seremos usados para ser a revolução nessa terra. Não acredito em “mundo melhor”, mas sim em “pessoas melhores”!
Minhas Armas
Cara, eu fico pensando naqueles discípulos, mais fudidos do que eu (e eles eram fudidos mesmo!). Eles não tinham casa, suas esposas deixaram-nos pela tal loucura do evangelho, sem grana, sem pão, sem documentos e sem “pedigree”! Homens enlouquecidos, homens que não viam nada a não ser a imagem tão real do Cristo ressurreto em sua frente, que loucura! E nessa perspectiva da tal loucura, eles partem sem rumo, e como nuvem e cobertura, uma promessa de respaldo...
Foram cumprir o que devia ser feito.

Sem saber e muito menos sem compreender as tais circunstâncias que estavam a frente de seus narizes.
E foram muitas a situações que se depararam, e que não havia um manual de instruções para consultarem, nem os “universitários” e muitos menos o “deus Google”!
Mas eles não desistiram, sabiam que Deus era o dono de toda a obra.

Certo dia aconteceu tal coisa:

“E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda.” (Atos 3:6)

Um coxo, um aleijado estava na porta do templo, e passando por ele , Pedro e João perceberam que ele os olhou com a cara de “ por favor, dá uma grana aí!” , mas Pedro , disse que não tinha nada de valor, mas o que ele tinha ele repartiria, e aí, repartiu o poder de Deus com ele, que fez com que ele se levantasse na imediatamente. Foi Curado!
Cristo nos dá as armas certas , não devemos temer qualquer que seja a batalha.

Como agir então ?

Cara, eu não sei se vou curar alguém , mas eu posso cantar alguma coisa, posso fazer um sanduíche, posso fazer uma mímica, posso capinar um pátio, posso limpar um banheiro , posso dar um ombro para alguém chorar, posso emprestar meu cartão de passagens, posso te emprestar meu celular, há pouco de crédito, um sorriso, e sei lá, não muito diferente dessas coisas.
Talvez nossas igrejas possam se transformar em uma horta comunitária, em um brechó, em um albergue, em local para workshop de cultura, uma biblioteca pública e gratuita, em local para moradores de rua tomar uma boa sopa quente, não sei, mas é necessário fazer algo.
Talvez o evangelho, a boa nova do REINO seja pregada através de uma boa ação.
O REINO deve se tornar palpável, até os cegos de entendimento ,entendam o REINO invisível.

Não tenho prata e nem ouro, mas o que tenho eu dou.

Seu irmão,

Samuel.

Shane Claiborne no Brasil





Shane Claiborne nasceu em 11 de julho, 1975, e é um dos membros fundadores do The Simple Way (O Caminho Simples), uma comunidade de fé no interior da cidade de Filadélfia, Pensilvânia, no qual ajudou a nascer e conectar as comunidades de fé radical em todo o mundo. Graduou-se em Sociologia e Ministério de Juventude pela Eastern University, filiada as igrejas batistas dos EUA e tornou-se um grande cristão ativista político na luta por justiça social e, consequentemente, grande voz em favor dos pobres.

Trabalhou com Madre Teresa por 10 semanas em Calcutá, inclusive, atualmente seu ministério é comparado ao dela nos EUA. Viajou também por algumas semanas com o Time de Paz no Iraque, visitando zonas de bombardeio, hospitais, famílias e participando dos cultos em meio a guerra. Claiborne também estagiou em um das mais criativas igrejas dos EUA, a Willow Creek Community Church. Hoje, tem viajado todo o mundo falando sobre paz, justiça social, e de Jesus. Ele é destaque na série de DVD “Another World Is Possible” (Um Outro Mundo é Possível) e autor de vários livros, incluindo “The Irresistible Revolution” (A Revolução Irresistível), “Jesus for President” (Jesus Para Presidente), e “Becoming the Answer to Our Prayers” (Se Tornando A Resposta Às Nossas Orações). Infelizmente, nenhum deles está disponível em português ainda.




Totalmente radical em sua fé e atitude, e um tanto quanto polêmico, Shane Claiborne vem pela primeira ao Brasil participar do Usina 21 que acontece dia 24 de Setembro na Universidade Mackenzie. Segundo o deputado Carlos Bezerra Jr, idealizador do Fórum, “O diferencial do Usina é que se discute temas que normalmente não são discutidos na igreja, mas ainda sim sobre um ponto de vista cristão, pela ótica da Missão Integral e engajamento social”. Questionado sobre o que esperar da participação de Shane Claiborne no evento, Carlos Bezerra comenta “Ele é uma voz ativa nos movimentos sociais, na luta pelos direitos humanos, pela dignidade e pelo valor da vida, e na luta também pelos orçamentos governamentais em favor das causas sociais, um líder ativista cristão que tem chamado atenção da mídia e de governos,” e complementa “mas claro, como uma voz eloquente e radical, lógico que gera muito controvérsia, mas a idéia é dar o microfone a esse que entendemos ser uma voz bastante relevante hoje”. E finaliza “Eu diria que é uma voz relevante e profética”.

Em uma era em que o conforto, a busca incessante por bem estar pessoal se tornou alvo de muitos cristãos, Shane caminha na contra mão com veemência, atitude e com a Bíblia na mão. E agora é esperar para conferir sua primeira visita ao Brasil em Setembro.


Fonte: www.solomon1.com

Oração Ativa (Por Shane Claiborne)





Até a maneira que Jesus nos ensina a orar aponta para o caminho praonde devemos ir – o caminho da liberdade. Jesus nos ensina a orar pra que o Reino venha, não apenas no céu, mas na terra também. E nós devemos orar pelo “pão nosso de cada dia”. Não é pra orar pelo “meu pão de cada dia”, como se pudéssemos separar nosso sustento do sustento de um irmão ou irmã… “nosso” significa “nós”. Não devemos orar pelo nosso bife diário, mas pelo simples nutrir de um pão. Não devemos orar pelo pão de amanhã ou da semana que vem… só o de hoje.

Também devemos orar pra que Deus nos perdoe, como perdoamos os outros. Nossa reconciliação com os outros é diretamente ligada à nossa reconciliação com Deus. Não podemos esperar que Deus nos perdoe se não perdoamos os outros. Na medida que julgamos, também seremos julgados. É bonito, porque a oração de Jesus exige algo de nós assim como nós estamos pedindo algo de Deus. Oração e ação sempre precisam se encontrar.

Meu amigo Jonathan Wilson-Hartgrove e eu, escrevemos um livro chamado Becoming The Answer To Our Prayers (Tornando-se A Resposta Para Nossas Orações). É sobre como, enquanto cristãos, precisamos ser as pessoas que oram e agem. Muito frequentemente usamos a oração como uma desculpa para não agir. Quando encaramos os problemas do nosso mundo, temos perguntado, “Deus, por que Você não faz alguma coisa?” e não percebemos que Deus pode estar dizendo, “Eu fiz algo… eu fiz você.” Quando oramos pra que Deus abençoe alguém, somos desafiados a ver que podemos ser as mãos dessa benção, porque Deus não tem outra mão, a não ser a nossa. Quando oramos, “Venha a nós o Teu Reino, seja feita a Tua vontade,” nós comprometemos toda a nossa vida para o cuidado com os rejeitados ao nosso redor – os abortados e os não-documentados. Se nós, cristãos, estamos orando o modelo de Jesus, não podemos parar de orar e agir até vermos a restauração de tudo que está quebrado em nossas vidas, e nas nossas ruas… sistemas políticos quebrados e famílias quebradas, ecossistemas poluídos e vidas despedaçadas.

Quando orarmos pelos famintos, vamos lembrar de alimentá-los. Quando orarmos sobre aborto, vamos acolher mães solteiras e adotar crianças abandonadas. Quando agradecermos pela criação, vamos plantar um jardim e comprar frutas e verduras de agricultores locais. Quando lembrarmos do pobre, vamos reinventar nosso dinheiro em programas de micro-empréstimos. Quando orarmos por paz, vamos transformar nossas espadas em enxadas e transformar orçamentos militares em programas de estímulo social. Quando orarmos por um fim ao crime, vamos visitar aqueles que estão nas prisões. Quando orarmos por almas perdidas, vamos ser graciosos às almas que tem nos feito mal. (Pense nisso na próxima vez que algum louco cortar seu carro numa rodovia!)

Começar a agir em nossas orações de maneira séria é lembrar o motivo pelo qual oramos – porque qualquer coisa digna de ser feita está além das nossas forças para serem feitas sozinhas. Clamamos a Deus porque sabemos que precisamos de ajuda. Mas Deus escolhe trabalhar em e através de nós. Temos um Deus que não quer mudar o mundo sem nós.

Shane Claiborne

quinta-feira, 2 de junho de 2011

:: Desespero Ansioso ::







" Portanto eu vos digo: Não andeis ansiosos pela vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber, nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, eo corpo mais do que o vestuário? " (Mateus 6:25, King James)



Jesus , preocupado com nossa ansiedade, nos admoesta através desse baita ensinamento de fé e de práxis.
Acompanhando de perto todas as reações humanas, Jesus percebe a tal ansieddae pelas necessidaddes báscicas do homem e da mulher.
Percebeu o quanto somos preocupados com nossa imagem , vida, comida , roupas e muitas outras coisas e começa a dar um belo discurso sobre o sentido de nossa vida e o que Deus quer dela. E logo, como Deus , o nosso Pai trata os animais e plantas, e da mesma forma , cuidará de nós.
Nós humanos, por causa da evolução, e da nossa história como humanidadee, fomos ensinados o quanto nossa vida é preciosa, acima até mesmo de todos os outros seres e semelhantes , e isso se reflete na nossa idéia de alimento, de vestiário, de bebida e de viver , ou seja , tudo o que se refere a nossas necessidades existenciais, fica contaminada com idéias desesperadoras e ansiosas.
E aí parte o início de nossa preocupação.
Fomos ensinados, aqui falo da humanidade e civilização em sim , a sermos totalmente preocupados com nossa vida e questões que darão significado a mesma.
A civilização caminha dessa maneira,pensa dessa maneira, e quanto mais se preocupa com o dinheiro, o poder, a fama, os cuidados da vida, cada vez mais se embaraça.
Cristo percebeu essa ansiedade desesperada, e viu , no coração do homem um grito por socorro.
Da mesma forma que acalmou as tempestades diversas vezes, ele veio através desse discurso acalmar a tempestade em nossa alma.
Cristo vem nos dizer que não adianta termos infartos, avc 's , alterar a nossa pressão cardíaca por coisas que jamais conseguiremos resolver.
Jesus nos convoca a termos fé, a termos a certeza de que Deus, está por trás tudo o que acontece.
Que alívio.
Homens, não se preocupem com a sua vida, somente tenham fé e caminhem , porque aquilo que for da vonatde de Deus, prevalecerá